DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS: UM DEBATE SOBRE A FORMAÇÃO DOS SABERES EM NEUROLOGIA DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE

  • Emilyn Borba da Silva Universidade Federal de Santa Maria
  • Elenir Fedosse Universidade Federal de Santa Maria

Resumo

A pesquisa objetivou comparar aspectos da formação dos saberes em Neurologia de egressos formados antes e após a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Fonoaudiologia de Instituições de Ensino Superior (IES) do Sul do Brasil. O estudo caracterizou-se como transversal, de natureza analítico-descritiva e quantitativo. A coleta de dados foi por meio eletrônico (e-mail), a partir de questionários confeccionados e enviados aos egressos dos referidos cursos através dos conselhos regionais das profissões e regiões envolvidas no estudo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A pesquisa contou com 125 participantes, 47 formaram-se entre os anos 1977 e 2005 e 78 participantes formaram-se entre 2006 e 2014. Observou-se que a maioria (88,46%) dos egressos formados após as DCN realizaram monografia de conclusão de curso e atuam em locais especializados: hospitais (26,9%), home care (2,6%) e atendimento domiciliar (17,9). Os egressos de período de formação anterior as DCN apresentaram maior satisfação quanto ao ensino em Neurologia recebido na graduação (38,3%), e, também, apresentaram maior índice (80,85%) em atuação multidisciplinar quando comparado a formação dos egressos após a instituição das DCN. A formação e consequentemente a atuação das profissões destacadas neste estudo, nos dias de hoje, tende a seguir em sentido contrário aos pressupostos do SUS e à realidade social brasileira: cada vez mais se ensina o específico (acompanhando o desenvolvimento técnico e científico de outras realidades que não a brasileira) e afasta-se do generalista e integral e da atuação interdisciplinar, havendo um descompasso ao previsto nas DCN, de tais cursos, as quais foram criadas com o desafio de aproximar os currículos das diversidades e com objetivo de garantir qualidade e integração à realidade social na formação. Ressalta-se neste estudo que ainda há dificuldades, no que tange a implementação das DCN, além da importância de trazer a formação para debate, visto que, é o reflexo do profissional que prestará os serviços de saúde à população; há necessidade de políticas públicas que visem a capacitação de profissionais com autonomia assegurando a integralidade e humanização da assistência em saúde.

Biografia do Autor

Emilyn Borba da Silva, Universidade Federal de Santa Maria
Graduação de Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de Santa Maria, Especialização em Reabilitação Físico-motora com ênfase nas desordens do movimento humano pela Universidade Federal de Santa Maria, Especialização em Disfunções Neurológicas pelo Centro Universitário Franciscano. Mestrado em distúrbios da comunicação humana pela Universidade Federal de Santa Maria, e atualmente é Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana -UFSM. Foi Professora Substituta na Universidade Federal de Pelotas no curso de Terapia Ocupacional do ano de 2014 ao ano de 2016.
Elenir Fedosse, Universidade Federal de Santa Maria
Graduada em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1984), com Mestrado (2000) e Doutorado (2008) em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); professora do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS), do Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana (M/D), do Programa de Residência Multiprofissional Integrada em Sistema Público de Saúde. Dedica-se ao ensino, pesquisa e extensão referente ao cuidado de pessoas com dificuldades linguistico-cognitivas (especialmente de sujeitos com afasia, apraxias, deficiência intelectual e processos demenciais sob a perspectiva da Neurolinguística Discursiva) e na área de Saúde Pública/Coletiva (Atenção Primária e Secundária).
Publicado
19-02-2018
Seção
Educação e Formação em Saúde