LEISHMANIOSE CANINA: RELATO DE CASO

  • Marla Schneider Universidade Federal Fronteira Sul
  • Jucemara Madel de Medeiros
  • Fernanda Bernardo Cripa
  • Mari Moço de Freitas
  • Cristiane Vieira Vidal
  • Patrícia de Oliveira Vieitez
  • Tayná de Oliveira Simões
  • Luciana Pereira Machado

Resumo

Introdução: A leishmaniose visceral canina (LVC) é causada pelo protozoário Leishmania spp., transmitida principalmente por flebotomíneos (OLIVEIRA, et. al. 2017), considerada uma zoonose, os humanos são provavelmente hospedeiros acidentais, podendo causar lesões cutâneas, mucocutâneas e viscerais nos mamíferos. O cão é infectado pelo vetor contaminado com a forma promastigota do protozoário, que é então fagocitada por macrófagos, multiplica-se e rompe a célula disseminando-se pelo organismo. O período de incubação da forma amastigota e surgimento dos sinais clínicos pode variar de 1 mês a 7 anos. As manifestações clínicas mais comuns nos canídeos são perda de peso com apetite normal ou aumentado, linfoadenomegalia, onicogrifose, epistaxe, lesões mucocutâneas e oculares, articulações inchadas e doloridas, entre outras (SOLANO-GALLEGO, et. al., 2011).  Objetivos: Objetiva-se relatar um caso de leishmaniose em cão, elucidando a importância do diagnóstico e a relevância dessa doença no contexto de Saúde Pública. Metodologia: Foi atendido no Hospital Veterinário da UFFS - Realeza, um cão, com histórico de sangramento nasal apresentando emagrecimento e cansaço progressivo, claudicação, fraqueza muscular e ataxia, secreção purulenta periocular, abdômen rígido e álgico à palpação. Histórico de viagem ao estado de Tocantins, área endêmica. Foram coletadas amostras de sangue para exames laboratoriais. Resultados e Discussão: Hemograma indicou pancitopenia, com anemia, trombocitopenia e leucopenia intensa. Hipocromia discreta, raros metarrubrícitos e linfócitos reativos. Na avaliação da capa leucocitária foram observadas formas amastigotas em neutrófilos e estruturas compatíveis com Ehrlichia platys em plaquetas. Não houve alteração nos exames bioquímicos (Alanino aminotransferase, Uréia, Creatinina e Fosfatase Alcalina) O diagnóstico definitivo de LVC ocorre pela visualização da forma amastigota em aspirados de medula óssea ou linfonodos e imprints de pele (SOLANO-GALLEGO, et. al., 2011), neste caso, foram visualizadas amastigotas de Leishmania spp. em neutrófilos circulantes. O parasita intracelular induz grande resposta imunológica, frequentemente gamopatias policlonais, bem como glomerulonefrite e poliartrite pela formação de imunocomplexos. Em casos de comprometimento renal e/ou hepático grave, o prognóstico é desfavorável (NELSON; COUTO, 2014). O tratamento é normatizado pela Portaria interministerial Nº 1.426, de 11 de Julho de 2008, Nota Técnica Conjunta n° 001/2016 MAPA/MS. Os animais diagnosticados podem ser tratados, porém pode ocorre recidiva e ainda não foi encontrada medicação ou combinação delas que seja efetiva para total eliminação do protozoário no hospedeiro, demandando acompanhamento e controle do vetor. O tutor desse paciente optou pela eutanásia por questões financeiras. A LVC é de notificação compulsória, devendo o médico veterinário informar aos órgãos responsáveis. A prevenção da leishmaniose canina baseia-se em medidas voltadas aos cães e ao ambiente dos vetores, como a vacinação e o uso de repelentes (SOLANO-GALLEGO, et. al., 2011).    Conclusão: Mesmo em áreas não endêmicas é importante ressaltar a relevância dos exames laboratoriais e suspeitas diagnósticas para identificação de casos de LVC e notificação aos órgãos responsáveis para as medidas cabíveis.

Publicado
07-08-2018