RELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS E DEMÊNCIA: UMA BREVE REVISÃO DA LITERATURA

  • Thalia Fernanda Naszeniak Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Eloá Angélica Koehnlein Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

Desde o início do século XX, o mundo passa por um acelerado processo de transição demográfica. À medida que a população de idosos se eleva, as patologias relacionadas ao envelhecimento, em especial a demência, tornam-se mais prevalentes. A demência é uma síndrome, de natureza crônica ou progressiva, que afeta atividades corticais superiores, como a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a capacidade de aprendizado, a linguagem e o julgamento. Dentre os fatores relacionados ao desenvolvimento da doença, a nutrição demonstra-se como um importante fator de risco modificável. Assim, este trabalho teve como objetivo realizar uma breve revisão de literatura a respeito do consumo alimentar de frutas e hortaliças e a função cognitiva em idosos. A pesquisa foi realizada durante os meses de novembro de 2016 a março de 2017, na base de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online), utilizando os descritores: “demência”, “frutas e hortaliças”, “radicais livres e antioxidantes”. A busca compreendeu artigos publicados entre os anos de 2000 até 2016, onde foram selecionados 8 artigos científicos. Os estudos encontrados descrevem a teoria do envelhecimento dos radicais livres, segundo a qual os radicais livres produzidos durante a respiração aeróbia originam lesões cumulativas nas moléculas biológicas conduzindo a lesões celulares irreversíveis que resultam num declínio funcional global. Por isso a dieta desempenha um papel crucial na prevenção das doenças crônicas relacionadas com a idade, sendo que o consumo de frutas e hortaliças, fontes de compostos com atividade antioxidante, poderia estar relacionado às melhores performances em testes cognitivos e à prevenção do comprometimento cognitivo em idosos. Dentre os compostos com atividade antioxidante nesses alimentos destacam-se a vitamina C, carotenoides e os compostos fenólicos. Estudos apontaram uma associação entre menor ingestão de frutas e hortaliças e pior desempenho no MEEM (Mini Exame do Estado Mental). Demonstraram também haver relação entre o consumo de frutas e hortaliças e a preservação da cognição. A hipótese mais aceita é que altos teores de antioxidantes contidos nesses alimentos atenuam o estresse oxidativo e os processos neurodegerativos relacionados ao declínio cognitivo e às demências. Além disso, por serem fontes de vitaminas B12, B6 e ácido fólico, frutas e hortaliças poderiam ter papel benéfico à cognição.

Dessa forma, destaca-se a importância da realização de pesquisas que objetivem retratar sobre a relação entre o consumo de frutas e hortaliças e o declínio cognitivo e subsequente síndrome demencial, para que se possibilite o retardo e/ou prevenção de tal doença.

Palavras-chave: declínio cognitivo; frutas e hortaliças; demência; radicais livres; antioxidantes.

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Publicado
01-06-2017