REFLEXÕES SOBRE AS COTAS SOCIAIS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS NOS CURSOS DE ENFERMAGEM E MEDICINA À LUZ DA LITERATURA: ACESSO OU PERMANÊNCIA?

  • Vanessa Sabrina Volinski E.E.B. Valesca C. R. Parizotto, Rede Estadual de Educação, Chapecó-SC
  • Cláudio Claudino da Silva Filho Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó
  • Daniel José da Silva Gerência Regional de Educação (GERED) em Chapecó-SC, Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina
  • Jeane Barros de Souza
  • Graciela Soares Fonsêca Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó
Palavras-chave: Ações afirmativas, Desigualdade, Universidades Públicas, Cotas.

Resumo

Sancionada em 29 de agosto de 2012, a Lei de Cotas vem promovendo inúmeros debates acerca de sua finalidade. A lei estipula a reserva de 50% das vagas em instituições federais para estudantes que cursaram o Ensino Médio integralmente em escolas públicas. Essas vagas são divididas igualmente entre candidatos com renda mensal per capita superior e com renda inferior a 1,5 salário-mínimo. Também é garantida a presença de negros, pardos e indígenas nas universidades públicas, onde o percentual de vagas é estabelecido após uma análise de dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indica o número de pessoas das etnias contempladas que residem na região. Esse trabalho tem como objetivo geral refletir à luz da literatura sobre as nuances, potencialidades e desafios das cotas sociais, com olhar específico para os cursos de Enfermagem e Medicina em universidades públicas. Trata-se de um relato de experiência vinculado a um Projeto de Pesquisa aprovadopelo Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC) para o Ensino Médio pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), CampusChapecó, fomentada pelo CNPq mediante Edital No 523/UFFS/2017 - PIBIC-EM/CNPq 2017/2018. A análise preliminar da literatura demonstra que a lei foi proposta com intuito de reduzir as desigualdades consolidadas na sociedade brasileira, possibilitando, com isso, a incorporação de grupos sociais historicamente desfavorecidos nas universidades públicas. Todavia, críticas surgem ao sistema de cotas por alegações de que os/as demais estudantes seriam prejudicados/as por estarem habilitados/as a concorrer apenas por metade das vagas. Como resultado dessa oposição, surge o frequente preconceito contra os/as estudantes que optam pela utilização das cotas, o que acaba se tornando um empecilho na carreira acadêmica desses/as estudantes. Somado a este problema, surgem outros obstáculos na vida dos estudantes oriundos de escolas públicas, entre eles, podem-se citar a necessidade da realização de atividades remuneradas no período extraclasse, com o intuito de adquirir uma renda extra que por vezes é crucial para a permanência do/a estudante no curso, e a rivalidade estabelecida entre os/as estudantes cotistas e não-cotistas. Dessa maneira, faz-se necessário amadurecer o debate sobre como facilitar não só o acesso, mas também a permanência desses/as estudantes nas universidades públicas. O enfrentamento ao preconceito a respeito do acesso por cotas deve trilhar pela argumentação de instigar com que o ensino no país seja progressivamente mais democrático e igualitário. Através da literatura é possível se introduzir no cotidiano dessas pessoas, conhecer as barreiras que as impedem atingir seus objetivos para então, proporcionar a possibilidade de mudança. A leitura viabiliza o maior entendimento da nossa sociedade e permite uma reflexão a respeito de suas falhas e injustiças. Percebe-se que os grupos aos quais as cotas são destinadas vêm sendo inferiorizados há muito tempo, e rejeitados pela sociedade, veem pouca possibilidade de ascensão social. Com isso, constata-se a importância das cotas para a democratização do ensino e a necessidade de ações que busquem enfrentar as desigualdades e injustiças enraizadas na sociedade brasileira, possibilitando as mesmas oportunidades para todos/as.

Biografia do Autor

Vanessa Sabrina Volinski, E.E.B. Valesca C. R. Parizotto, Rede Estadual de Educação, Chapecó-SC

Estudante do Ensino Médio (em andamento)pela E.E.B. Valesca C. R. Parizotto, Rede Estadual de Educação, Chapecó-SC. Bolsista do Projeto de Pesquisa intitulado “Histórias de vida e itinerários formativos para acesso e permanência em uma universidade pública: perspectivas de estudantes entre o ensino médio e a graduação em Enfermagem e Medicina da UFFS”, aprovadopelo Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC) para o Ensino Médio pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), CampusChapecó, fomentada pelo CNPq pelo Edital No 523/UFFS/2017 - PIBIC-EM/CNPq 2017/2018. E-mail: vanessavolinski@gmail.com.

Cláudio Claudino da Silva Filho, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó

Orientador do Projeto PIBIC-EM/CNPq supracitado. Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Especialista em Preceptoria no Sistema Único de Saúde pelo Hospital Sírio Libanês, Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Tutor e Coordenador do Grupo Enfermagem no PET Saúde / GraduaSUS. Pesquisador dos Grupos do CNPq: “Laboratório de Pesquisa e Tecnologia em Educação em Enfermagem e Saúde” em Florianópolis- SC (EDEN/PEN/UFSC), “Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva” (NESCO/UNIVASF) em Petrolina-PE, e “grupo de pesquisas e interdiciplinares: Educação, Saúde e Sociedade” (UEMA) em São Luiz- MA. Coordenador Adjunto de Cultura e Professor Adjunto dos cursos de graduação em Enfermagem, Pedagogia e Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), CampusChapecó. E-mail: claudio.filho@uffs.edu.br

Daniel José da Silva, Gerência Regional de Educação (GERED) em Chapecó-SC, Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina

Coorientador do Projeto PIBIC-EM/CNPq supracitado. Mestre em Ecologia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Pós-graduação em Educação Biológica e Química pela Faculdades de Itapiranga (FAI), Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade do Oeste de Santa Catarina, Professor e Servidor da Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina. E-mail: danieldjs09@gmail.com

Jeane Barros de Souza

Colaboradora do Projeto PIBIC-EM/CNPq supracitado. Doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde na Infância e Adolescência (UNIFESP), Mestra em Saúde Pública (UFSC), Especialização em Enfermagem na Saúde da Família (UFSC), Especialização em Metodologia do Ensino da Musica (FACEL), Graduação em Enfermagem (UNIVALI). Professora Adjunta do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), CampusChapecó.E-mail: jeane.silva@uffs.edu.br

Graciela Soares Fonsêca, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó

Colaboradora do Projeto PIBIC-EM/CNPq supracitado. Doutora e Mestra em Ciências Odontológicas com área de concentração em Odontologia Social, pela faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), Realizou Estágio de Doutorado Sanduíche na Escola de Enfermagem São João de Deus da Universidade de Évora, Portugal, Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia. Professora Adjunta do curso de graduação em Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), CampusChapecó.E-mail: graciela.fonseca@uffs.edu.br

Publicado
13-06-2018