FEIRA DA REFORMA AGRÁRIA: A EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DAS MULHERES SEM TERRA DE PASSOS MAIA/SC

  • Raquel Forchesatto UFFS
  • Émerson Neves da Silva
Palavras-chave: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Feira da Reforma Agrária, Agricultura Camponesa

Resumo

O presente artigo se constitui a partir de dissertação de mestrado em andamento para o Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que visa refletir sobre a relação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com os debates acerca das questões de gênero. A pesquisa tem como objetivo analisar a concepção das mulheres que participam do grupo da Feira da Reforma Agrária, no município de Passos Maia/SC, sobre o papel da mulher na produção agroecológica do MST. Para isso, tem sido utilizado o método de pesquisa desenvolvido por Edward Palmer Thompson, denominado de História Vista de Baixo, que busca descrever a história a partir da realidade das pessoas comuns. Os conceitos chave utilizados nesta pesquisa são: relações de gênero, trabalho e agroecologia. Para configurar este estudo, buscou-se realizar pesquisa bibliográfica, documental e de campo, principalmente através da História Oral, onde foram realizadas entrevistas semiestruturadas com as mulheres feirantes. Os resultados obtidos e apresentados neste artigo são parciais, porém já podem caracterizar o objeto de estudo. Assim, inicialmente compreende-se que as feiras são espaços importantes para o desenvolvimento das sociedades. Atualmente se apresentam na contramão do modelo hegemônico de produção. Ainda, é possível perceber que as mulheres sem terra ao se organizarem através de feiras, buscam ampliar a geração de renda em seus grupos familiares, bem como representa um encontro com o espaço público, visando o seu empoderamento. Nesse contexto, as políticas públicas tendem a ser fundamentais para o desenvolvimento das feiras, pois com a criação de projetos, a partir da parceria de órgãos governamentais e da sociedade civil, que as ações voltadas para o fortalecimento das feiras no estado de Santa Catarina passaram a ser potencializadas. Com isso, a realidade onde estão inseridas as mulheres sem terra e feirantes de Passos Maia, vivenciou um processo de alteração e a feira passou a ser um elemento importante para o desenvolvimento de ações na região. Porém, atualmente muitos são os desafios que perpassam esta realidade, principalmente no que se refere à falta de novos incentivos de políticas públicas voltadas para uma agricultura camponesa e consequentemente para o desenvolvimento de novas práticas que visem o fortalecimento e organização da feira. Nesse sentido, apesar do desafio apontado, compreende-se que ao serem constituídos espaços de comercialização de alimentos saudáveis, produzidos nos assentamentos do MST, é possível identificá-los como uma saída para a geração de renda, melhoria da qualidade de vida de quem produz, mas também de que consome esses alimentos e principalmente, contribui para a melhoria das relações de gênero no interior dos assentamentos. Ainda, compreende-se a agroecologia como um modo de produção possível e que se incentivado, tende em se ampliar e modificar as relações de produção e reprodução da vida em sociedade.

Publicado
13-06-2018