As AS RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR: PERSPECTIVAS E DESAFIOS
perspectivas e desafios
Resumo
O presente trabalho de pesquisa traz uma abordagem sobre a construção do espaço escolar através dos discursos de um grupo de professores de uma escola pública do município de Chapecó, Santa Catarina, sobre os temas de gênero e sexualidade. Tem como objetivo principal compreender de que forma as relações de gênero e as sexualidades compõem o espaço escolar e como esse espaço é afetado por essas relações, pois o espaço escolar é permeado pelas relações de gênero e, muitas vezes, são essas relações que estabelecem paradoxos dentro da escola. Para chegar à compreensão de que forma as relações de gênero e as sexualidades compõem o espaço escolar era necessário avaliar o espaço em alguma dimensão entre os elementos constituidores do espaço escolar. Foi assim que essa pesquisa teve como fio condutor a pergunta: quais os discursos de professores e professoras de uma escola pública de ensino médio sobre os temas gênero e sexualidade no seu cotidiano escolar? Tal questão acabou se dividindo em outra subquestão: Esses professores e professoras conhecem teoricamente os temas gênero e sexualidade?
A pesquisa teve como metodologia a Pesquisa-Ação (THIOLLENT, 1986), com a realização de doze encontros com o grupo de professores e professoras da escola pesquisada. Na metade do tempo, os encontros foram apenas de debates e discussões acerca dos temas; já na segunda parte, os docentes pesquisados foram convidados a participarem de momentos de formação para que pudessem refletir e tirar suas dúvidas, conforme prevê também a metodologia utilizada. Como meio de interpretação dos dados levantados usou-se a Análise do Discurso sob a ótima de Michel Foucault (2009) para analisar o corpus coletado, buscando compreender que tipos de discursos eram proferidos na escola sobre gênero e sexualidade. Assim sendo, pode-se concluir que o espaço escolar se constitui, através dos discursos, em dois espaços diferentes e paradoxais: o espaço do Patriarcado, onde estão os discursos preconceituosos e conservadores, e o espaço da Desconstrução, onde estão os discursos progressistas e que desconstroem discursos preconceituosos. Esses dois espaços, existindo conjuntamente fazem com que o espaço da escola se constitua como um espaço paradoxal, relacional e sempre aberto. (MASSEY, 2009, SILVA, 2014).
Também foi possível compreender que os temas discutidos fazem parte do cotidiano escolar, mas causam muito desconforto no grupo docente. Entre os principais motivos estão à falta de qualificação específica, de formação teórica e prática para discutir esses temas. As universidades em seus currículos não contemplam essas discussões, ou se abordam ainda é de uma forma rasa, e se professores e professoras quiserem se aprofundar nesses conteúdos terão de fazer de forma individual. Essa falta de embasamento teórico leva a outras consequências. Com o desconhecimento dos conceitos, das discussões científicas acerca dos temas, ocorre a omissão do grupo docente em abordar nas suas disciplinas específicas essas abordagens de gênero e sexualidade. Afinal, é impossível conseguir introduzir esses temas em disciplinas dentro da escola, se não há um conhecimento teórico-científico sobre aquilo que se quer discutir.