REDE DE ATENÇÃO À INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DE CHAPECÓ-SC
Elementos para sua compreensão
Resumo
A Rede de Atendimento à Infância e Adolescência – RAIA, de Chapecó-SC foi criada em 2006, buscando a articulação de programas, projetos e serviços voltados ao atendimento de crianças e adolescentes. A rede é uma iniciativa do Ministério Público de Santa Catarina – Comarca de Chapecó articulada a Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó e da Prefeitura Municipal por meio das políticas de Assistência Social, Educação e Saúde, visando promover ações que facilitem e qualifiquem a atenção integral a infância adolescência. O trabalho em rede pressupõe mobilização coletiva e territorializada; a Unochapecó integra a RAIA e com ela contribui através de um projeto de extensão. O objetivo deste escrito é refletir sobre a experiência da rede, compreendendo a configuração atual, seus avanços e desafios na consolidação de práticas intersetoriais. O projeto de extensão é conduzido pela perspectiva interdisciplinar e pela epistemologia da complexidade, visando constituir um plano comum, capaz de criar, entre distintos atores, zonas de conexões e transversalidades, promovendo olhares e práticas que busquem superar os fundamentos da formação especialista. Também são desenvolvidos de forma articulada, projetos de iniciação científica para compreender demandas e estratégias dos serviços de saúde, assistência social e educação, com vistas a soluções para problemáticas comuns. A consolidação de espaços e experiências pautadas pelo diálogo multiprofissional, formação continuada, matriciamento, estudos de caso e visitas ao território é um caminho construído coletivamente. O investimento na rede vem resultando na constituição de um olhar comprometido e atento às demandas. Os serviços e profissionais envolvidos com a rede têm viabilizado no cotidiano do trabalho espaços de debates que têm sido importantes para a percepção de concepções que às vezes reduzem a compreensão da complexidade dos fenômenos o que leva a intervenções também precarizadas. Esse processo da RAIA possibilita avanços na articulação dos serviços e na criação de estratégias de intervenção alternativas e criativas, em que os profissionais realizam movimentos de singularização, de aproximação interprofissional, de reconhecimento dos trabalhadores e dos papéis na rede. A rede, apesar dos avanços, também apresenta pontos de estrangulamentos e ineficiência de protocolos e fluxos. A perspectiva de trabalho, que problematiza a fragmentação e o reducionismo, demanda a permanência de dispositivos de diálogo e estudos, exigindo mudanças nas rotinas dos serviços e na compreensão do processo por parte dos gestores. O investimento na avaliação das ações da RAIA e a construção de indicadores que justifiquem a adoção da perspectiva interdisciplinar, também torna-se um imperativo. A articulação com projetos de pesquisa dirigidos as demandas da rede, vem se consolidando, demonstrando que a pesquisa e a extensão universitária são importantes dispositivos e podem contribuir com avanços das políticas públicas. A organização da rede possibilita diálogo qualificado entre os profissionais e, por isso problematiza a fragmentação, a duplicação de esforços das especialidades, instigando o desenvolvimento de novas leituras sobre a realidade e de processos de autogestão da rede, organizado enfrentamento das situações de violação de direitos e sofrimentos de crianças, adolescentes e suas famílias.