O CES/FUNDESTE DE CHAPECÓ E O MOVIMENTO ESTUDANTIL: PROPOSIÇÕES PARA UM OLHAR LOCAL

  • Vinícius de Almeida Peres UFFS - PPGH (Mestrando)
Palavras-chave: Movimento Estudantil, Chapecó, CES/Fundeste, Lutas Políticas, Contribuição Social

Resumo

Costumeiramente, o movimento estudantil é reconhecido como um movimento social de relevância histórica sobretudo, a partir de suas bandeiras de luta em prol da educação para todos, da educação pública, gratuita e de qualidade, assim como pela efetividade da democracia, dos direitos democráticos e da legalidade constitucional na sociedade. Por vezes, carregada de utopismo, sua atuação durante os anos de vigor da ditadura civil-militar foi de grande simbolismo e representatividade como oposição ao regime em nível nacional, seja nos momentos de legalidade ou clandestinidade, assim como em outros contextos históricos, onde, sob a liderança da União Nacional dos Estudantes (UNE) e com a efervescente mobilização, em especial, de universidades públicas de grandes centros urbanos, o movimento estudantil contribuiu para o fomento, defesa e ampliação de direitos e de políticas públicas na área da educação e além dela. Entretanto, é importante ter clareza de que esse movimento social é múltiplo, abrigando internamente dissidências sejam por questões políticas, sejam pelas diferenças de realidade local/regional. Destacamos que a presente proposta de discussão é fruto de reflexões e análises que compõe uma pesquisa de dissertação de mestrado em andamento, sobre a temática, no Centro de Ensino Superior da Fundação Universitária do Desenvolvimento do Oeste (CES/Fundeste) entre os anos de 1977-1985. Assim, busca expandir a visibilidade sobre o universo de atuação do movimento estudantil e sua representatividade, conferindo ao movimento estudantil, além da merecida importância nacional, o mérito local/regional de suas lutas e especificidades enquanto um movimento múltiplo, ou seja, um movimento de movimentoS. O trabalho pauta-se em pesquisa bibliográfica que configura o referencial teórico sobre a temática dos movimentos sociais e do movimento estudantil embasada pelo viés da história social e da história vista de baixo, apoiada e complementada por pesquisa documental em realização no Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM), além da intenção futura da utilização de entrevistas nos métodos da história oral. Até o presente momento, foi possível perceber a existência de uma organização estudantil no CES/Fundeste de Chapecó, a qual, articulando informações e pautas com a UNE, como no caso da questão da qualidade de ensino, também desenvolvia lutas e pautas próprias como no tocante ao valor das mensalidades, disponibilidade de linhas de ónibus, subsídios diversos à manutenção da educação no município, entre outros elementos que se articulam com a realidade em que se inseriam. Deste modo, o contexto nos leva a crer que estes grupos organizados de estudantes, concebidos nas gestões do Diretório Central dos Estudantes (DCE), entidade representativa dos mesmos na instituição de ensino, possam ter contribuído em questões políticas municipais que culminaram em políticas públicas, ainda que isso figure agora apenas como hipótese. Finalmente, relembramos que a pesquisa se encontra em andamento, tendo vários pontos e elementos a serem investigados para que proposições sejam respondidas, mas desde já podemos afirmar que o movimento estudantil é um importante agente histórico de lutas e renovações com atuação também nas fundações educacionais, potencialmente extrapolando seus muros em diálogos e alianças com as demandas da comunidade local.

Publicado
13-06-2018