AS NOVAS TECNOLOGIAS E PRÁTICAS EDUCATIVAS EM ESCOLAS MULTISSERIADAS DA TERRA INDÍGENA XAPECÓ

  • Celoy Aparecida Mascarello Unochapecó
Palavras-chave: Educação indigena, Emancipação, Tecnologia Educacional

Resumo

Este resumo expandido tem  por objeto apresentar resultados parciais do projeto sobre o tema  escolas indígenas multisseriadas e as novas tecnologias educacionais de informação e comunicação - TICs.  A escola indígena oferece uma educação diferenciada e específica, e para tal, utiliza o direito garantido constitucionalmente de ter um currículo articulado a sua realidade, podendo as aulas acontecerem em sala de aula, ao ar livre, na floresta, na casa de reza, nas festas e demais eventos em comunidade. Nesta proposta de estudo partimos da hipótese que as novas tecnologias podem contribuir para articular conhecimentos historicamente consagrados a prática docente e aprendente das aldeias, oferecendo situações práticas de utilização efetiva das tecnologias no espaço real de exercício profissional, a escola. O objetivo é investigar quais contribuições emancipatórias as tecnologias educacionais oferecem à prática pedagógica deste público, em específico. A questão que se busca elucidar é: em que medida a utilização das novas tecnologias educacionais, pelos professores das escolas multisseriadas, contribui para a realização de novas práticas educacionais? A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos epistemológicos da pesquisa qualitativa, os participantes da pesquisa são dois professores da EIEF Matão, dois professores da EIEF Mbya Limeira, três professores da EIEF Samburá. As escolas estão localizadas na Terra Indígena Xapecó  e integram os povos Kaigang e Guarani. As escolas possuem computadores e conexão com internet. Os professores e professoras são  indígenas e têm a missão de alfabetizar, quando possível, em Kaingang, e desenvolver um currículo intercultural, combinando conhecimentos tradicionais com a moderna ciência. Os encaminhamentos do trabalho exigem estudo detalhado a partir de leituras, fichamentos, análises textuais sobre educação indígena e legislação, bem como, trabalho de campo. Para a realização da coleta de dados, utiliza-se á gravação de  entrevista semi-estruturada, assim constituída: 1) Dados de identificação; 2) Dados sobre tecnologias disponíveis na escola; 3) Relação entre tecnologias e prática pedagógica; 4) Contato virtual com outros educadores indígenas; 5) Ambiente escolar e facilidades ou dificuldades no  acesso e trabalho com as tecnologias; 6) Mudanças na  atuação docente através do uso das TICs; 7) Operacionalização de informações virtuais; 8) Considerações finais. Os dados estão considerados por meio de análise de conteúdo das entrevistas. Entre os autores de referências destacam-se  os trabalhos de Boaventura de Sousa Santos (2002), Freire (1996), Levy (2010), Grupione (2001), bem como da legislação escolar indígena. Como resultados iniciais os professores apontam que fazem uso das TICs em sua prática pedagógica, destacam ainda que a inclusão das TICs na educação indígena pode representar um avanço significativo em prol do fortalecimento e disseminação da sua cultura. As novas tecnologias apresentam características que possibilitam amplificar, exteriorizar e modificar cognitivas humanas. Nessa perspectiva, entende-se que as TICs potencializam a disseminação dos conhecimentos. Conclui-se que com o acesso às tecnologias educacionais, as escolas indígenas buscam cada vez a emancipação e fortalecimento da cultura. Existe disposição dos professores em fazer com que o  uso das tecnologias educacionais se insiram dentro de um processo que proporcione autonomia,  emancipação e divulgação da cultura indígena.

Publicado
13-06-2018