Como a pesquisa específica de gênero em História Antiga nos desperta para a sua pluralidade?
Resumo
O estudo de gênero em mitologia grega antiga permite, para além de analisar divindades femininas e respectivas idealizações para as mulheres atenienses de grupo aristocrático, perceber outras existências do feminino no mesmo período de tempo. Através da possibilidade de se pensar como os arquétipos divinos influenciavam a visão das mulheres de existência física real, já é notável o quanto contrastavam com a posição submissa comumente associada. Entretanto, em um estudo onde busca-se analisar feiticeiras do campo fictício, mulheres míticas, estrangeiras na Grécia Antiga, torna-se ainda mais interessante refletir sobre quais possíveis diferenças ou similaridades que surgem entre grupos distintos. Assim, as mulheres atenienses opõem-se em muito sobre as estrangeiras e vice-versa, ocorrendo o mesmo no campo mais puramente fictício. A mitologia grega, nesse sentido, ajudava a moldar percepções sobre o que significava ser uma mulher dentre as suas categorias, diferenciando-as e destacando a alteridade presente no feminino. Portanto, uma pesquisa de gênero – segundo a abordagem de Joan Scott – diante de arquétipos e idealizações, permite uma nova análise que nos leva a questionar os papéis atribuídos ao feminino e nos desperta a curiosidade sobre a outra, neste caso, estrangeiras que fazem uso de fórmulas mágicas.