Uma primeira aproximação às fronteiras espaciais e culturais no sul da América Portuguesa e Espanhola a partir da chegada dos europeus (Séc. XVI)

  • Lucía Tatiana Rombolá UFFS
  • Mirian Carbonera
Palavras-chave: Fronteira, Fontes etno-históricas espanholas, Sul da América Portuguesa

Resumo

No século XVI, a chegada dos europeus ao continente americano trouxe modificações ecológicas e sociais por toda a região. No sul da América Portuguesa, atualmente sul do Brasil, o contato entre espanhóis, portugueses e povos indígenas pode ser compreendido como uma zona fronteiriça, onde o território estava em disputa, com rivalidades e alianças entre populações com interesses conflitantes e diferentes relações com o meio ambiente. Além disso, podemos entender o conceito de fronteira em um sentido identitário: os grupos étnicos são categorias atributivas e identificativas usadas pelos próprios atores em presença do "outro". Com a chegada dos europeus, as relações entre as populações indígenas foram reconfiguradas, uma vez que a etnicidade é um processo dinâmico ligado às mudanças históricas. Em certos momentos, alguns grupos se aliaram, considerando os europeus como "outros", enquanto, em outros, as inimizades pré-existentes entre os povos foram exacerbadas. Por sua vez, os europeus estabeleceram alianças com diferentes grupos indígenas. Neste trabalho, buscamos explorar as características das diferentes fronteiras por meio da leitura de fontes etno-históricas espanholas. Como primeira aproximação ao tema, utilizaremos os registros de viagem de Ulrich Schmidl, que foi um alemão que participou nas expedições espanholas. Nosso interesse é caracterizar as identidades particulares dos Guarani e dos europeus nos séculos XVI, XVII e XVIII, no sul da América Portuguesa, além de compreender os espaços de fronteira cultural, as alianças e os conflitos gerados entre as identidades populacionais que coexistiram na região durante o período estudado.

Publicado
17-12-2024