Geraldo de Gales e a ascendência miscigenada: o hibridismo étnico-cultural da March galesa nos séculos XII e XIII
Resumo
Giraldus Cambrensis (1145/6-1223), também conhecido como Geraldo de Gales, foi um homem culto, opinativo, com muitos interesses, como linguística, pessoas, animais, etnografia, ciência, história e religião. Através de sua mãe Angharad e de sua avó Nest, possuía laços familiares com muitas dinastias poderosas do País de Gales e da Normandia, e através de seu pai, era parente dos marcher lordes normandos, tornando-o um híbrido de ambas as heranças as quais estavam em desacordo no século XII. Esta ascendência mista concedia-lhe tanto benefícios quanto percalços, porquanto transitava entre espaços sócio-culturais distintos, carecia de plena confiança de ambos os estamentos políticos, vinculados a aristocracia galera e anglo-normanda. Esta é a razão pela qual ele fracassa em seu mais cobiçado objetivo: ser eleito ao cargo de bispo na catedral de São Davi, conquanto tenha sido qualificado e nomeado para a posição. Não se sabe muito sobre sua infância, mas segundo ele mesmo, se interessou pela igreja e pela religião desde relativamente cedo, construindo igrejas de areia quando brincava com seus irmãos na praia de Pembrokeshire, no castelo Manorbier. Devido às suas obras e publicações, possui-se referências e documentações sobre o País de Gales e a Irlanda na Britânia do século XIX, ademais, faz-se possível a compreensão de seu sentido de pertencimento. Esta comunicação visa explorar a construção da identidade galesa e normanda em Geraldo e as relações do País de Gales, à época, com os anglo-normandos em um nível social.