Rio Uruguai em cena: poluição e agroindústria na Canibal Filmes
Resumo
O presente trabalho é derivado de um recorte da dissertação apresentada ao Mestrado em História da UFFS e defendida em 2022. A pesquisa teve como objetivo geral a investigação das inter-relações socioambientais do Oeste catarinense, a partir das produções artísticas da Canibal Filmes, entre os anos de 1990 e 2020. O objeto da pesquisa, refere-se a uma produtora de cinema independente gore que surgiu no início da década de 1990 e se mantém no tempo presente, no município de Palmitos, Santa Catarina. Sendo assim, propomos aqui a apresentação de fontes, discussões teóricas e alguns resultados encontrados a respeito das denúncias socioambientais apresentadas no filme de média-metragem Zombio (1999), produzido com baixo orçamento, filmado em VHS, em Palmitos, com o uso de técnicas artesanais e elementos orgânicos e endêmicos da região. Dessa forma, analisamos a poluição do rio Uruguai a partir do enredo ficcional que apresenta um casal de turistas passeando às margens do rio Uruguai quando são surpreendidos e atacados por zumbis, possível consequência de uma mutação em humanos contaminados pela poluição do curso hídrico. A poluição do rio Uruguai é verificada com base em estudos das Ciências Naturais, com destaque para a contaminação por dejetos suínos, provenientes da agroindústria no Oeste catarinense, além de contaminantes causados por metais pesados, agrotóxicos, esgotos domésticos, mineração, entre outros. A pesquisa parte da interdisciplinaridade, dialoga História Ambiental, Cinema Ambiental, Estudos Geográficos e Ciências da Natureza. Com isto, o trabalho proporciona outros olhares acerca da arte catarinense, suas narrativas historiográficas e inter-relações socioambientais.