As amizades epistolares e as fronteiras do isolamento: a correspondência de Luiz Carlos Prestes com amigos argentinos e uruguaios durante o período de prisão

  • Cristiéle Santos de Souza Universidade Federal de Pelotas
Palavras-chave: Escrita epistolar; Memória; Cartas

Resumo

Entre os anos de 1936 e 1945, Luiz Carlos Prestes, o comandante da Coluna Prestes e líder comunista brasileiro, esteve preso e mantido em isolamento na cidade do Rio de Janeiro. Isolamento este, que nos primeiros sete anos, foi rompido apenas pelas visitas do advogado e pelas cartas trocadas com a família e amigos. Publicadas entre os anos de 2000 e 2002, essas cartas expõem não apenas as relações familiares mantidas apesar do exílio, da prisão e da guerra, mas, também, as relações de amizade construídas entre Prestes e homens e mulheres que não o conheciam, mas que o admiravam e se dispunham a tornar os seus dias menos solitários. A correspondência entre Prestes e esses amigos epistolares, em sua maioria cidadãos argentinos e uruguaios, mostra-se como uma importante fonte para pensar o contexto político e intelectual platino nas décadas de 1930 e 1940, bem como para evidenciar a relevância das escritas epistolares como documentos indiciários dos vínculos construídos entre militantes e intelectuais de esquerda para além das fronteiras físicas que os separavam. A partir da correspondência de Prestes com Nair Fernandez, Teodosio Lezama e as irmãs Sara e Maria Torres, este trabalho propõe uma discussão acerca do teor desses diálogos epistolares, assim como do lugar que essas cartas ocuparam no cotidiano de isolamento e de resistência vivido por Prestes na prisão.

Publicado
29-02-2024