As prescrições de gênero na imprensa chapecoense (1946)

  • Bruna Carolina Krauspenhar UFFS/graduanda

Resumo

: A pesquisa apresentada discute as prescrições de gênero representadas na imprensa, evidenciando os ideais de beleza e feminilidade como construção social. O objeto de análise foi a coluna Garota Bonita, publicada no jornal A voz de Chapecó durante o ano de 1946, no município de Chapecó, Oeste de Santa Catarina. O discurso presente no jornal serviu para compreender a construção e representação da identidade de gênero no município, destacando os anúncios frequentes de concursos de beleza destinados às mulheres, os conselhos médicos sobre o corpo feminino, as ausências nos discursos textuais políticos e, principalmente, o conteúdo da coluna Garota Bonita, que difundia modelos de comportamento às mulheres, aconselhando sobre o casamento, a vida doméstica e etiqueta social. As publicações da historiadora Tânia Regina de Luca auxiliaram para o desenvolvimento metodológico desta pesquisa, no trato com as fontes jornalísticas. Para fundamentar a investigação, utilizou-se o conceito de gênero enquanto categoria de análise histórica. Constatou-se no discurso analisado ideais de feminilidade que associavam beleza ao trabalho doméstico, além disso, observou-se as mudanças nas formas de sentir, tornando o amor cada vez mais idealizado e com isso, prescrevendo comportamentos que poderiam ou não caber nos ideais românticos. Todas as prescrições de identidade de gênero encontraram resistências, pois entende-se que a coluna Garota Bonita existiu por não haver consenso social sobre o lugar da mulher na sociedade, ao ponto que Eugênio dedicou-se a difamar as mulheres que lutavam por igualdade de direitos, o que apresenta uma preocupação social com os novos espaços conquistados pelas mulheres ao longo do século XX.

 

Publicado
08-11-2021