Fronteiras da Diplomacia

os casos Panther e Kullak e as relações entre Brasil e Alemanha

Resumo

A partir de uma abordagem micro-histórica este trabalho apresenta dois incidentes de proporções internacionais ocorridos em território catarinense na primeira década do século XX. Tais casos envolveram dois imigrantes alemães, poderes públicos catarinense e Ministério das Relações Exteriores brasileiro, bem como, o governo alemão. O primeiro caso conhecido como Panther, diz respeito a deserção de um soldado alemão, na cidade de Itajaí quando a canhoneira Panther fazia uma viagem de reconhecimento por portos brasileiros. O segundo, refere-se ao colono alemão George Esnest Kullak, que explodiu os trilhos do Ramal São Francisco que passavam por dentro de sua propriedade, por não ter recebido a indenização devida pela companhia construtora da ferrovia. Por meio destes casos, pude perceber o poder de articulação entre imigrantes recém-chegados na região Sul do Brasil e a capacidade de formação de redes de solidariedade entre indivíduos que compactuavam de ideias, costumes e hábitos fora de seu país de origem e buscavam reivindicar indenizações, proteções e ressarcimentos em relação às suas propriedades e suas vidas. Se o caso Panther alarmou o Itamaraty deixando o ministro Rio Branco profundamente irritado, a ponto de pensar em declarar guerra à Alemanha pela violação à soberania nacional, acredito que o caso Kullak foi tratado com muito mais cuidado e suponho, como fiel da balança de forma a amenizar os ânimos e equilibrar as relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha, principalmente no que diz respeito a política imigratória brasileira.