ENTRE O REAL E O IMAGINÁRIO: O JOGO DE ESPAÇOS NA OBRA A BOLSA AMARELA DE LYGIA BOJUNGA
Palavras-chave:
Literatura infantojuvenil; Imagens e metáforas; Vontades reprimidas; identidade; Lygia Bojunga.Resumo
Este artigo propõe uma análise do conceito de espaço na obra A Bolsa Amarela (1976), de Lygia Bojunga, investigando como a narrativa infantojuvenil constrói sentidos sobre identidade, subjetividade e resistência social a partir da perspectiva da personagem Raquel, uma menina de oito anos que guarda em sua bolsa três vontades reprimidas: ser grande, ser escritora e ser homem. Parte-se do pressuposto de que a literatura infantil vai além do entretenimento, atuando como ferramenta de formação crítica e humanizadora, conforme argumentam autores como Cândido (2004) e Bachelard (1998). A fundamentação teórica se apoia especialmente em A Poética do Espaço, de Bachelard, articulando-se com estudos que discutem o papel social e pedagógico da literatura. O objetivo da pesquisa é compreender como os espaços simbólicos e físicos descritos na obra refletem os desejos da personagem por liberdade e igualdade, além de evidenciar tensões entre o espaço doméstico tradicional e o espaço da imaginação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho analítico-interpretativo, com base na análise textual-discursiva. Como resultados, destaca-se que a obra representa o espaço como metáfora da condição da infância, dando voz às inquietações infantis e às limitações impostas às meninas, sobretudo no contexto familiar e escolar. A análise também dialoga com outras obras da autora e estudos acadêmicos contemporâneos, reforçando a atualidade da temática. Conclui-se que A Bolsa Amarela é um instrumento potente para o letramento literário e para o desenvolvimento da empatia, da imaginação e da consciência crítica, reafirmando o direito à literatura como direito fundamental da criança. Além disso, evidencia-se que a narrativa funciona como espelho e janela, permitindo à criança refletir sobre sua própria realidade e se abrir para outras experiências humanas.